terça-feira, 8 de dezembro de 2009

"O que combina com sede é água doce
O que combina com riso é prazer
Primavera combina com as flores
O que combina comigo é você..."


Nina estava sentada naquele velho sofá da sala de estar. Olhando para o "nada", ela tentava colocar suas idéias no lugar. Escutou uma pequena voz, vindo de encontro aos seu ouvidos. Tranquilo. Era apenas sua mãe a chamando para ir jantar.
Ela distanciou a atenção das palavras que a mãe pronunciava, incansavelmente e se pôs a pensar.
Pensava nos amores, sonhos, os planos que construía dia a dia para seu futuro e... qual seria os aproveitamentos que tiramos de tantas coisas que, simplesmente, é uma rotina de pensamentos para toda pessoa.
Por que não ser feliz sozinha? Sem pessoas que podem te fazer chorar a qualquer instante? Por que sonhar? Se muitos deles não podem acontecer? Por que planejar um futuro, sendo que ele está muito mais distante do que imaginamos e que talvez... nem chegue a acontecer?
Enquanto mais pensava, sua cabeça ia se enchendo de várias perguntas, onde sua mente não conseguia digeri-las com a facilidade que ela esperava as respostas para elas.
Olhou para a janela, e ficou a reparar; a mãe indo ao encontro do pai. Antes de seu pai parar, com toda a segurança possível, sua mãe... parecia morta. Sem sentido. Mas ao vê-lo, fechando a porta do carro, sua face se encheu de uma felicidade, uma luz floresceu de dentro, espalhando uma harmonia e compartilhando a sua própria felicidade, sem querer simplesmente nada em troca. O beijo, que selava a cada dia, a cada momento, a felicidade, o amor, que completava cada um, era impossível de tentar explicar. Os olhos... se aprofundavam a cada vez mais, um no do outro, fazendo o pai ter a certeza, de que a mãe estaria ali, todo dia, mesmo em dias chuvosos, tristes, alegres, ambos estariam um ao lado do outro.
Nina retirou seu olhar fixo da janela, e se pôs a pensar novamente. Suas perguntas, que ate antes não tinham uma resposta concreta, começaram a fazer sentido, onde cada uma completava a outra.
Se não amarmos alguém, como vamos ser felizes? Podemos ser fortes, mas a todo momento não. Ninguém é capaz de conseguir ser extremamente forte, ser feliz, sem nenhum dia ter caído, chorado, mas que se levantou e seguiu em frente. Se não amarmos como poderíamos criar sonhos e mais sonhos, eles ficariam soltas ao vento, esperando um dia que alguém os encontre, sendo talvez, impossível. Onde se não amarmos e nem sonharmos, como vamos gastar o tempo que temos de sobra, para pensar no futuro com aquela pessoa, que da o tempero certo para nossas vidas, que o prazer de viver dia a dia intensamente.
Ela, sentindo as palavras da mãe tocar seus ouvidos novamente, se levantou e foi ao encontro dos pais para o jantar. Mas antes, guardou em sua mente, o que tinha acabado de aprender: ninguém pode ser feliz sozinho.